Cancioneiro da freguesia: cantigas da azeitona
Os cancioneiros incluem algum do mais importante património local: o património oral.
Além do valioso trabalho efectuado pelos ranchos folclóricos da Linhaceira e da Asseiceira, existe uma importante recolha publicada em livro por Manuel da Silva Guimarães na sua obra "A oliveira e o azeite na região de Tomar", editada na década de 1970.
Trata-se de trechos de cantigas cantadas pelos ranchos da azeitona, recolhidos naquela década junto de um conjunto significativo de habitantes das freguesias do concelho, e dos quais aqui reproduzimos hoje alguns, dentro já do espírito de comemoração do 1º aniversário da Biblioteca de Temas Linhaceirenses, que terá lugar na próxima segunda-feira.
Além do valioso trabalho efectuado pelos ranchos folclóricos da Linhaceira e da Asseiceira, existe uma importante recolha publicada em livro por Manuel da Silva Guimarães na sua obra "A oliveira e o azeite na região de Tomar", editada na década de 1970.
Trata-se de trechos de cantigas cantadas pelos ranchos da azeitona, recolhidos naquela década junto de um conjunto significativo de habitantes das freguesias do concelho, e dos quais aqui reproduzimos hoje alguns, dentro já do espírito de comemoração do 1º aniversário da Biblioteca de Temas Linhaceirenses, que terá lugar na próxima segunda-feira.
Namorados da azeitona
São como os da cotovia
Acabada é a azeitona
Fica-te com Deus Maria.
(Linhaceira, Grou)
Azeitona verde é mimo
Eu também já fui mimosa
Como queres que eu te ame
Se eu de ti estou tão queixosa
(Roda Pequena)
Azeitona verde é mimo
Eu também já fui mimosa
Já logrei os teus carinhos
Agora estou tão queixosa
(Linhaceira)
A azeitona para preta
Já recebeu três cores
Eu também sou pequenina
E já tenho três amores.
(Roda Pequena)
Azeitona para preta
Primeiro logra três cores
Só a mim ninguém me leva
Para o pé dos meus amores.
(Grou)
Azeitona para preta
Primeiro logra três cores
Também eu andei três anos
Para lograr os teus amores.
(Santa Cita)
A azeitona já está preta
Já se pode armar aos tordos
Diz-me lá ó cara linda
Como vais de amores novos
(Santa Cita)
Azeitona miudinha
Já morreu quem te apanhava
Agora por aí te perdes
Por esse chão espalhada.
(Linhaceira, Grou, Santa
Cita)
Azeitona miudinha
Apanha-se de uma a uma
Estes rapazes de agora
Não têm vergonha nenhuma.
(Roda Pequena)
A folha da oliveira
Quando cai ao lume estala
Assim está meu coração
Quando para o teu não fala.
(Grou, Roda Pequena)
Debaixo da oliveira
Menina, é que é amar
Tem a folha miudinha
Não entra lá o luar.
(Santa Cita)
Oliveira pequenina
Que azeitona pode dar
Um baguinho até dois
Já é muito que apanhar.
(Roda Grande, Roda Pequena)
Oliveirinha da serra
O vento leva a flor
Só a mim ninguém me leva
Lá p’ró pé do meu amor.
(Grou, Roda Grande, Santa
Cita)
Canto cantigas à toa
Canto tudo encarreirado
Arranjo umas à podoa
Arranjo outras a machado.
(Linhaceira)
Ó oliveira da serra
Deixa pastar o meu gado
Toda a moça que é bonita
Deixa o pastor descuidado.
(Roda Grande)
Subi à oliveira
Para apanhar a faveca
Para dar ao meu amor
Para o bolso da jaleca.
(Roda Grande)
Azeitona quando nasce
Não é verde nem madura
É como o génio dos homens
Coitado de quem os atura.
(Roda Grande)
Ó Maria abre-me a porta
Que eu venho da bebedeira
Começa ao sábado à noite
Acaba à segunda-feira.
(Linhaceira)
A azeitona miudinha
Também vai para o lagar
Eu também sou pequenina
Também quero namorar.
(Roda Pequena)
Azeitona miudinha
Escolhida ao luar
A tua vida acaba
Quando vais para o lagar.
(Linhaceira)
Adeus, adeus lagar
As portas te vou fechar
Pedimos a Nosso Senhor
Para o ano cá voltar.
(Linhaceira)
Pormenor da capa do livro "A oliveira e o azeite na região de Tomar",
a partir de fotografia de António da Silva Magalhães.
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