História de Asseiceira, 41 - Origens da Linhaceira: Porto da Linhaceira (2ª parte)

O documento mais antigo que se conhece com referência à Linhaceira (escrita tal como hoje, à excepção da ortografia que, como perceberemos adiante, tinha muitas variantes) é então, o relato das diligências feitas por Manuel Nogueira, juiz da vila de Tomar, em 12 de Outubro de 1530, com vista a averiguar o estado de navegação do Zêzere e do rio de Tomar (Nabão) entre a então vila e Punhete (actual Constância), transcrita por Vieira Guimarães nos eu livro "Thomar Santa Iria".
Trata-se não apenas de um, mas de dois documentos: uma carta dirigida ao rei, que lhe incumbira a tarefa (publicada no artigo anterior e datada de 17 de Outubro desse ano) e o auto da diligência efectuada, com data de 12 de Outubro e que, pela extraordinária riqueza de pormenores, nos permite um olhar completamente novo pelas origens da nossa aldeia.
Importa agora referir uma questão importante, que levanta novos problemas: estas datas são apenas  três anos posteriores a 1527, ano em que o concelho de Asseiceira foi visitado pelo escrivão que recolhia dados para o Numeramento. Ora, aí, aparece referido "a Mynhaxeira, com seus casais".
Como veremos adiante, neste novo documento a Linhaceira aparece referida como porto, situado, naturalmente, junto ao rio.
Uma hipótese plausível é que existissem os dois lugares - a Matrena, aliás, também é referida neste documento e não surge no Numeramento, talvez porque neles não existissem habitantes.
Também pode acontecer que a Mynhaxeira (que nos aparece citada na publicação Arquivo Histórico Portuguez, de 1908) resultasse de um erro de compreensão do escrivão, ou seja mesmo uma gralha da citação mais recente.
A existirem em simultâneo, talvez a importância do porto tenha contaminado os casais e estes adquirissem o nome daquele.
Mas, mais importante do que tudo isto, é que o local deste porto da Linhaceira, numa fértil zona agrícola ribeirinha, vem dar uma nova força à teoria de que a origem do topónimo tenha a ver com o cultivo do linho (confirmado no concelho de Asseiceira já no reinado de D. Dinis).
Vejamos então as partes do auto de diligências que nos interessam especialmente:



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